Canonizado no dia 16 de outubro pelo Papa
Francisco, São José Luis Sánchez del Río é o padroeiro dos adolescentes
mexicanos. Tinha somente 14 anos quando deu a vida por sua fé, e suas últimas
palavras foram: “Viva Cristo Rey e la Virgen de Guadalupe!”.
Em 1925, o então Papa Pio XI escreveu uma
bela encíclica sobre o reinado de Jesus, a Quas Primas, e instituiu a festa de
Cristo Rei do Universo. Ele fez isso porque havia pouco tempo ocorrera a
Primeira Guerra Mundial e, em todo o mundo, o socialismo, o nazismo e outros
‘ismos’ se espalhavam. Com essas ideologias, também se difundiam o ódio aos
judeus e a luta entre as classes sociais. O Papa queria abrir os olhos dos
cristãos, para que escolhessem Jesus e não os ditadores que apareciam; que
escolhessem o Evangelho e não essas ideologias.
Longe de Roma, em outro continente, as
palavras do Papa caíram no coração fertilizado pelo martírio de um povo muito
valente: os mexicanos. “Viva Cristo Rei!” passou a ser sua saudação e grito de
guerra.
Tudo começou quando os comunistas assumiram o
governo. Esse governo decidiu acabar com a fé católica no país, pois achavam
que o cristianismo era uma invenção dos homens e, se o povo respeitasse e
obedecesse aos padres, isso diminuiria o poder do governo. O pior presidente foi
Plutarco Elías Calles. Ele criou leis para fechar as igrejas, prender e matar
os padres, freiras e até quem trouxesse no peito uma cruz – era a Lei Calles.
Os católicos perderam os direitos de ir ao
cinema e usar transporte público; os professores perderam os empregos. O Papa
Pio XI tentou negociar com o governo, mas de pouco adiantou.
Um garoto chamado José Sánchez del Río, que
era coroinha, viu os soldados comunistas entrarem a cavalo na sua igreja e
enforcarem o velho sacerdote. José, valente que só ele, procurou o movimento
dos rebeldes católicos. Pense: rebeldes por serem católicos! Eles estavam
formando um exército para salvar os padres, defender seu direito de participar
da santa missa e ter uma religião – eram os Cristeros.
Em Guadalajara, no dia 3 de agosto de 1926,
cerca de 400 católicos armados fecharam-se na Igreja de Nossa Senhora de
Guadalupe. Eles gritavam: “Viva Cristo Rey e la Virgen de Guadalupe!”.
Iniciou-se assim um movimento revolucionário, por iniciativa do povo, em defesa
de sua fé, e ficou conhecido como Cristiada. José era um deles. Disse: “Quem é
você se não se levanta e se põe de pé, para defender aquilo em que acredita?”.
Por ser o menor, José ia na frente dos
revolucionários, levando um estandarte com a imagem da Virgem de Guadalupe.
Muitos cristãos morreram em combate. José escreveu a sua mãe: “Nunca foi tão
fácil ganhar o Céu”.
Numa dessas lutas, o general dos cristeros
perdeu o cavalo e ia ser capturado. José lhe disse: “Meu general, aqui está meu
cavalo, salve-se o senhor, mesmo que me matem! Eu não faço falta, o senhor,
sim”. Foi dessa forma corajosa que José Sanchez foi capturado.
Da prisão escreveu à mãe: “Minha querida mãe,
fui feito prisioneiro em combate neste dia. Creio que, neste momento, vou
morrer, mas não importa; nada importa, mãe. Resigna-te à vontade de Deus; eu
morro muito feliz porque, no fim de tudo isto, morro ao lado de Nosso Senhor.
Não te aflijas pela minha morte, que é o que me mortifica. Antes, diz aos meus
outros irmãos que sigam o exemplo do mais pequeno, e tu, faz a vontade do nosso
Deus. Tem coragem e manda-me a tua bênção juntamente com a de meu pai. Saúda a
todos pela última vez e recebe pela última vez o coração do teu filho que tanto
te quer e tanto desejava ver-te antes de morrer”.
Chegaram a chicotear os pés de José e o
obrigaram a caminhar por uma estrada de pedras para que renunciasse a sua fé,
mas o menino permaneceu firme. Enfim, foi condenado à morte. Suas últimas
palavras, antes de ser fuzilado, foram: “Nos vemos no Céu. Viva Cristo Rei!
Viva sua mãe, a Virgem de Guadalupe!”. José tinha apenas 14 anos quando morreu,
em 10 de fevereiro de 1928.
Quando o Papa Pio XI soube do que aconteceu
com José e o que os cristãos sofriam no México, escreveu: “Queridos irmãos,
entre aqueles adolescentes e jovens existem alguns – e eu não consigo segurar
as lágrimas ao recordá-los – que, levando nas mãos o rosário e aclamando Cristo
Rei, sofrem espontaneamente a morte”.
José Sanchez del Rio foi beatificado em 2005,
e o Papa Bento XVI rezou diante de suas relíquias. Ele é literalmente um “santo
de calça jeans”, pois seu corpo, no relicário, está vestido com uma blusa
escolar branca e uma calça jeans.
Fonte:
http://arqrio.org/noticias/detalhes/5005/o-adolescente-martir-de-cristo-rei
Nenhum comentário:
Postar um comentário