segunda-feira, 25 de abril de 2016

Jubileu dos Adolescentes reúne milhares de peregrinos na Praça de São Pedro

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

«Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35).

Queridos adolescentes, que grande responsabilidade nos confia hoje o Senhor! Diz-nos que as pessoas reconhecerão os discípulos de Jesus pelo modo como se amam entre si. Por outras palavras, o amor é o bilhete de identidade do cristão, é o único «documento» válido para sermos reconhecidos como discípulos de Jesus. O único documento válido. Se este documento perde a validade e não se volta a renová-lo, deixamos de ser testemunhas do Mestre. Por isso vos pergunto: Quereis acolher o convite de Jesus para ser seus discípulos? Quereis ser seus amigos fiéis? O verdadeiro amigo de Jesus distingue-se essencialmente pelo amor concreto; não um amor «nas nuvens», não; o amor concreto que brilha na sua vida. O amor é sempre concreto. Quem não é concreto e fala de amor, faz uma telenovela, um romance televisivo. Quereis viver este amor que Ele nos dá? Quereis ou não? Procuremos então frequentar a sua escola, que é uma escola de vida, para aprender a amar. E este é um trabalho de todos os dias: aprender a amar.
Antes de mais nada, amar é belo, é o caminho para sermos felizes. Mas não é fácil: é exigente, requer esforço. Pensemos, por exemplo, quando recebemos um presente: isto torna-nos felizes; mas, para preparar aquele presente, houve pessoas generosas que dedicaram tempo e esforço; e, assim, dando-nos algo de presente, deram-nos também um pouco de si mesmas, algo de que souberam privar-se. Pensemos também na prenda que vos deram os vossos pais e animadores, permitindo-vos vir a Roma para este Jubileu que vos é consagrado. Projetaram, organizaram, prepararam tudo para vós: e isto dava-lhes alegria, embora tenham talvez renunciado a uma viagem para eles. Esta é a dimensão concreta do amor. De facto, amar quer dizer dar... e não só coisas materiais, mas algo de nós mesmos: o próprio tempo, a própria amizade, as próprias capacidades.
Olhemos para o Senhor, que é imbatível em generosidade. D'Ele recebemos tantos dons, e todos os dias deveremos agradecer-Lhe... Gostava de vos perguntar: Agradeceis ao Senhor todos os dias? Mesmo que nos esqueçamos, Ele não Se esquece de nos oferecer cada dia um dom especial; não se trata de um presente que se possa ter materialmente nas mãos e usar, mas de um dom maior, um dom para a vida. Que nos oferece o Senhor? Oferece-nos uma amizade fiel, dom de que nunca nos privará. O Senhor é o amigo para sempre. Mesmo se O dececionas e te afastas d'Ele, Jesus continua a amar-te e a permanecer junto de ti, continua a crer em ti mais de quanto crês tu em ti próprio. Esta é a dimensão concreta do amor que Jesus nos ensina. E isto é muito importante! Pois a principal ameaça, que impede de crescer como se deve, é ninguém se importar de ti – e isto é triste -, é quando sentes que te deixam de lado. Ao contrário, o Senhor está sempre contigo e sente-Se contente em estar contigo. Como fez com os seus jovens discípulos, fixa-te nos olhos e chama-te para O seguir, «fazer-te ao largo» e «lançar as redes» confiado na sua palavra, ou seja, a pôr a render os teus talentos na vida, juntamente com Ele, sem medo. Jesus espera pacientemente por ti, aguarda uma resposta, espera o teu «sim».
Queridos adolescentes, na vossa idade, surge também em vós, de modo novo, o desejo de vos afeiçoardes e de receberdes afeto. Se fordes assíduos à escola do Senhor, Ele ensinar-vos-á a tornar mais belos também o afeto e a ternura. Colocar-vos-á no coração um intuito bom: querer bem sem me apoderar, amar as pessoas sem querer possuí-las, mas deixando-as livres. Pois o amor é livre! Não existe verdadeiro amor que não seja livre! É a liberdade que nos deixa o Senhor, quando nos ama. Ele sempre está perto de nós. De facto, existe sempre a tentação de poluir o afeto com a pretensão instintiva de agarrar, «possuir» aquilo de que se gosta; e isto é egoísmo. A própria cultura consumista agrava esta tendência. Mas, se se aperta muito uma coisa, esta mirra-se, estraga-se: depois fica-se dececionado, com o vazio dentro. Se ouvirdes a voz do Senhor, revelar-vos-á o segredo da ternura: cuidar da outra pessoa, o que significa respeitá-la, protegê-la e esperar por ela. E essa é a dimensão concreta da ternura e do amor.
Nestes anos de juventude, sentis também um grande desejo de liberdade. Muitos dir-vos-ão que ser livre significa fazer aquilo que se quer. Mas a isto é preciso saber dizer não. Se tu não sabes dizer não, não és livre. Livre é aquele que sabe dizer sim e sabe dizer não. A liberdade não é poder fazer sempre aquilo que me apetece: isto torna-nos fechados, distantes, impede-nos de ser amigos abertos e sinceros; não é verdade que, quando eu estou bem, tudo está bem. Não, não é verdade. Ao contrário, a liberdade é o dom de poder escolher o bem: esta é a liberdade. E é livre quem escolhe o bem, quem procura aquilo que agrada a Deus, ainda que custe; não é fácil. Mas penso que vós, jovens, não tendes medo dos esforços, sois corajosos! Só com opções corajosas e fortes é que se realizam os sonhos maiores, os sonhos pelos quais vale a pena gastar a vida. Opções corajosas e fortes. Não vos contenteis com a mediocridade, com «deixar correr» ficando cómodos e sentados; não vos fieis de quem vos distrai da verdadeira riqueza que sois vós, dizendo que a vida só é bela se se possuir muitas coisas; desconfiai de quem quer fazer-vos crer que valeis quando vos mascarais de fortes, como os heróis dos filmes, ou quando vestis pela última moda. A vossa felicidade não tem preço, nem se comercializa; não é uma "app" que se descarrega do telemóvel: nem a versão mais atualizada vos poderá ajudar a tornar-vos livres e grandes no amor. A liberdade é outra coisa.
Com efeito, o amor é o dom livre de quem tem o coração aberto; o amor é uma responsabilidade, mas uma responsabilidade maravilhosa, que dura toda a vida; é o compromisso diário de quem sabe realizar grandes sonhos. Ai dos jovens que não sabem sonhar, que não ousam sonhar! Se um jovem, na vossa idade, não é capaz de sonhar, já se aposentou, não serve. O amor nutre-se de confiança, respeito, perdão. O amor não se realiza falando dele, mas quando o vivemos: não é uma poesia suave que se aprende de memória, mas uma opção de vida a pôr em prática! Como podemos crescer no amor? Também nisto o segredo é o Senhor: Jesus dá-Se-nos a Si mesmo na Missa, oferece-nos o perdão e a paz na Confissão. Aí aprendemos a acolher o seu Amor, a assumi-lo, a repô-lo em circulação no mundo. E quando parece exigente amar, quando é difícil dizer não àquilo que é errado, erguei os olhos para a cruz de Jesus, abraçai-a e não largueis a sua mão que vos conduz para o alto e vos levanta quando caís. Na vida, sempre se cai, porque somos pecadores, somos fracos. Mas temos a mão de Jesus que nos ergue, que nos levanta. Jesus quer-nos de pé! Aquela bela palavra que Jesus dizia aos paralíticos: «Levanta-te». Deus criou-nos para estarmos de pé. Existe uma bela canção que os alpinos cantam quando sobem. A canção diz assim: «na arte de subir, importante não é o não cair, mas o não permanecer caído»! Ter a coragem de levantar-se, de nos deixarmos reerguer pela mão de Jesus. E esta mão muitas vezes chega até nós pela mão de um amigo, pela mão dos pais, pela mão daqueles que nos acompanham na vida. O próprio Jesus em pessoa está ali. Levantai-vos! Deus quer-nos de pé, sempre de pé!
Sei que sois capazes de gestos de grande amizade e bondade. Sois chamados a construir o futuro assim: juntamente com os outros e para os outros, jamais contra outro qualquer! Não se constrói «contra»: isto chama-se destruição. Fareis coisas maravilhosas, se vos preparardes bem já desde agora, vivendo plenamente esta vossa idade tão rica de dons, e sem ter medo do esforço. Fazei como os campeões desportivos, que alcançam altas metas treinando-se, humilde e duramente, todos os dias. O vosso programa diário sejam as obras de misericórdia: treinai-vos com entusiasmo nelas, para vos tornardes campeões de vida, campeões de amor! Assim sereis reconhecidos como discípulos de Jesus. Assim tereis o bilhete de identidade de cristãos. E garanto-vos: a vossa alegria será completa.

Fonte: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2016/documents/papa-francesco_20160424_omelia-giubileo-ragazzi.html


segunda-feira, 11 de abril de 2016

Pátio dos Encontros: Cardeais Tempesta e Ravasi conversam sobre a ética com as crianças

Encerrando o evento do Pátio dos Encontros, ocorrido de 6 a 8 de abril no Rio de Janeiro, o arcebispo da cidade, Cardeal Orani João Tempesta, e o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, desejaram se encontrar com o futuro da sociedade carioca que, consequentemente, serão os protagonistas da sociedade brasileira de amanhã: "as crianças". Realizado na última sexta-feira, 8 de abril, no Museu do Amanhã, o encontro contou com uma exposição didática sobre o tema da ética, onde os cardeais tiveram a oportunidade de fazer uma abordagem sobre a temática, reforçando que as decisões pessoais do presente impactam de forma positiva ou negativa à coletividade no futuro, motivo pelo qual o novo museu, localizado na Praça Mauá, foi escolhido para a realização do evento.
O encontro contou com crianças de diversas escolas do Rio de Janeiro, seus respectivos diretores, coordenadores pedagógicos e professores, além dos bispos auxiliares da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro – entre eles o organizador do Pátio dos Encontros na cidade, Dom Paulo Cezar Costa –, do secretário do Pontifício Conselho para a Cultura, Dom Carlos de Azevedo, autoridades eclesiásticas e sacerdotes. Em um momento informal de diálogo, os cardeias responderam a diversas perguntas realizadas pelas crianças, que perpassaram pelas mais variadas áreas da vida e da religião que, no fundo, carregavam entre si importantes reflexões e olhares sobre os fundamentos da ética: Por que algumas pessoas são más com as pessoas boas? Por que as pessoas não aprendem com os seus erros e com os erros dos outros e o mundo fica perfeito? Por que o senhor colocou o nome de Páscoa na ressurreição de Jesus?, são alguns dos exemplos.
O diretor do Colégio Padre Antonio Vieira, em Botafogo, Lucas Machado da Silva, ressaltou a importância do encontro com as crianças na construção de um futuro melhor e da cultura de paz.
"O Pátio dos Encontros acontece em um momento importantíssimo pra gente tentar passar um pouco do que é a ética e a moral para as nossas crianças já que estamos vivendo em um mundo tão complicado, em especial, no nosso Brasil, que está passando por um período difícil hoje em dia, e esse encontro é um momento em que nós podemos fazer uma reflexão com as crianças para tentar transmitir a importância dos valores e, com isso, contribuir para a construção de um mundo e um futuro melhor para eles já que hoje em dia as coisas não estão fáceis pra ninguém", disse.
A coordenadora da Dimensão Missionária do Colégio Imaculado Coração de Maria, no Méier, Nanci Régis, destacou não só o diálogo com as crianças sobre a ética, mas também o exemplo de unidade e fraternidade que o Pátio dos Encontros proporcionou aos pequenos.
"Foi muito importante para nós participar desse Pátio dos Encontros com os nossos alunos, pois todos eles participam ativamente das atividades escolares, dentre elas, da catequese, e a gente nota no dia-a-dia que todos têm uma vontade imensa, um desejo enorme, de colaborar muito mais para que a gente tenha uma sociedade mais ética e solidária. As palavras dos nossos cardeais e bispos, o encontro com as crianças das outras escolas, a oportunidade da visita ao Museu do Amanhã e esse grande evento contribuíram muito com o nosso trabalho e tornou-se um momento importante para a nossa história, para a unidade e para a paz que tanto desejamos, só temos a agradecer", concluiu Nanci.



Fonte: http://arqrio.org/noticias/detalhes/4254/patio-dos-encontros-cardeais-tempesta-e-ravasi-conversam-sobre-a-etica-com-as-criancas


sexta-feira, 8 de abril de 2016

Menina que ficará surda e cega, realiza o desejo de conhecer o Papa Francisco

No final da Audiência Geral desta quarta-feira (06/04), na Praça São Pedro, o Papa Francisco abraçou afetuosamente a pequena Lizzy Myers, estadunidense de cinco anos, que tem a síndrome de Usher tipo 2, doença genética rara caracterizada pela deficiência auditiva e perda progressiva da visão.
A menina estava acompanhada por sua irmãzinha e seus pais. A família veio de Ohio, Estados Unidos, para realizar o desejo expresso por Lizzy de encontrar o Papa Francisco. 
A história de Lizzy, que progressivamente ficará cega e surda, foi divulgada, no ano passado, pela imprensa estadunidense. Os seus pais, católicos, programaram uma série de coisas para ela ver e ouvir antes que perca completamente a audição e a visão.

Solidariedade
O desejo de Lizzy de encontrar o Papa abriu uma disputa solidária: a Turkish Airlines ofereceu as passagens de avião, Appia resort a estada, em Roma, e a União Nacional Italiana de Transporte de Doentes a Lourdes e Santuários Internacionais (Unitalsi) a assistência na viagem. 
Depois do encontro com o Pontífice, os pais da menina Christine e Steve se encontraram com a imprensa na Casa Bernadete que pertence a Unitalsi.

O abraço do Papa
Eles falaram da emoção forte da garotinha ao ver o Papa a quem presenteou uma caixinha com partes de um meteorito que caiu em Ohio. Francisco abraçou Lizzy carinhosamente, abençoou os seus olhos e ouvidos, e garantiu sua oração por ela e sua família. 
“Senti uma grande paz interior”, disse a mãe de Lizzy, agradecendo a todos os italianos que demonstraram grande afeto. 
“A história de Lizzy, um sinal neste Jubileu da Misericórdia, aproxima todos ao mundo do sofrimento, atravessada pela esperança cristã”, disse o presidente de Unitalsi-Roma, Emanuele Trancalini.

Dura realidade
“Gostaria de dizer que, infelizmente, também aqui na Itália existem muitas pessoas como Lizzy. Queria divulgar isso, porque muitas vezes o mundo da doença, sobretudo o das crianças, é um mundo escondido, e as pessoas percebem somente quando vivem esse problema na própria pele. Temos nove casas de acolhimento em toda a Itália e todos os dias ajudamos famílias, situações e casos como o de Lizzy”, alertou Trancalini.
Segundo o presidente de Unitalsi-Roma, a superexposição da mídia desempenhou um papel positivo a fim de chamar a atenção de todos para o mundo do sofrimento.
“Devo dizer que o Jubileu da Misericórdia é a expressão disso. O Papa Francisco tem uma atenção particular ao mundo da doença e sobretudo ao mundo das crianças, e isso é um grande sinal do Jubileu”, concluiu.

Fonte: http://arqrio.org/noticias/detalhes/4244/francisco-abraca-lizzy-menina-que-ficara-cega-e-surda