Os sacramentos da iniciação são
três: o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia. Este último sacramento é a
“fonte e o ápice de toda a vida cristã”. Nele está tanto o clímax da ação pela
qual Deus santifica os homens, quanto do culto que estes prestam a Deus. Já no
segundo século, Santo Irineu dizia: “nossa maneira de pensar concorda com a
Eucaristia, e a Eucaristia, por sua vez, confirma nossa maneira de pensar”.
Neste sacramento celebramos a nossa vocação, a comunhão com Deus e com os
homens.
O nome do sacramento
Assim como nos outros sacramentos, a
Eucaristia apresenta uma diversidade de nomes sempre tentando revelar a riqueza
de seu conteúdo. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) apresenta oito nomes para
este sacramento: Eucaristia, Ceia do Senhor, Fração do Pão, Assembleia
Eucarística, Memorial da Paixão e Morte do Senhor, Santo Sacrifício, Santa e
Divina Liturgia, Comunhão e Santa Missa. Destes, dois aparecem no Novo
Testamento: Ceia do Senhor e Fração do Pão. Os outros vão sendo introduzidos na
medida em que vai crescendo a consciência da Igreja sobre a realidade do
sacramento.
A Eucaristia no Novo Testamento
A celebração da Eucaristia nasce da
ceia que o Senhor celebrou com os apóstolos na noite em que foi entregue. Dela
temos quatro narrações: Mt 26,26-29; Mc 14,22-25; Lc 22,15-20; I Cor 11,23-26.
Em todos os quatro relatos aparece a ordem do Senhor de “fazer memória” de sua
entrega na Cruz, ou seja, o caráter de instituição, da celebração deste
sacramento. São Paulo nos fala da Eucaristia em I Cor 10,14-22 e em I Cor
11,17-34. Nestes textos, aparece a fé da Igreja primitiva de que, por meio do
pão e do vinho, se entra em comunhão com o mistério pascal de Cristo. São João
trata do tema da Eucaristia como o Corpo de Cristo entregue, por amor, para a salvação
do mundo.
A Eucaristia na História
Segundo o relato de São Justino, no
segundo século, a estrutura da celebração constava da liturgia da palavra (com
as leituras, a homilia e a oração universal) e a liturgia eucarística (com a
apresentação do pão e do vinho, a ação de graças consecratória e a comunhão).
Durante os séculos a celebração foi se desenvolvendo dentro destes dois núcleos
básicos. Atualmente, a liturgia da missa se estrutura de acordo com estes
testemunhos mais antigos, na qual a liturgia da palavra e a eucarística formam
um só momento de culto.
As cinco dimensões da Eucaristia
O CIC nos apresenta cinco dimensões
interligadas da Eucaristia: ela é a ação de graças ao Pai; o memorial
sacrifical de Cristo e de seu corpo; a presença de Cristo; o banquete pascal; e
o penhor da glória futura. A Eucaristia é uma benção de ação de graças, na qual
a Igreja exprime seu reconhecimento ao Pai pelos seus benefícios: a criação, a
redenção e a santificação. A Igreja unida pelo Espírito ao Cristo pode participar
do louvor initerrupto que Ele presta ao seu Pai.
A Eucaristia é o memorial de Cristo,
pois por meio dela se torna presente o único sacrifício de Cristo pelos homens
e se faz atuante, aplicando no hoje os seus frutos. Quando a Igreja celebra
este sacramento, ela participa da oferta de Cristo e vive sua dimensão oferente,
ou seja, ela mesma se oferece na vida, nos sofrimentos, no louvor, na oração e
no trabalho de seus fiéis.
O modo da presença de Cristo no
sacramento da Eucaristia é único e está acima de todos os outros sacramentos.
Nela Jesus se faz presente em corpo e sangue, alma e divindade. O Concílio de
Trento afirma: “pela consagração do pão e do vinho opera-se a mudança de toda a
substância do pão na substância do corpo de Cristo Nosso Senhor e de toda a
substância do seu Sangue; esta mudança, a Igreja Católica denominou-a com
acerto e exatidão transubstanciação”.
A Eucaristia é, ainda, o banquete
pascal de Cristo. Ela é a memória da intervenção salvífica de Deus em Jesus; é
a vivência da comunhão com Cristo no hoje; é a figura do festim celeste que nos
espera na casa do Pai. Assim, celebrar a Eucaristia nos coloca diante da
história das intervenções de Deus e nos encaminha para a consumação de tudo em
sua glória.
Por último, ela é o penhor da glória
futura. Ela nos antecipa as realidades últimas, pois a vinda final de Jesus com
poder e glória e nossa entrada definitiva no Reino Celeste são anunciadas e
antecipadas misteriosamente na celebração. O corpo de Cristo marca a presença
atuante daquele que um dia virá para nos apresentar a seu Pai.
Os frutos da Eucaristia
O CIC aponta cinco frutos da
recepção da Eucaristia. O primeiro é o aumento d nossa união com Cristo, pois
Ele mesmo disse que quem come sua carne e bebe seu Sangue permanece n’Ele (Cf.
Jo 6,56). O segundo fruto é a separação do pecado, pois a Eucaristia nos
alimenta e aumenta em nós a caridade e as forças na luta contra o mal.
Comungando do corpo do Senhor, cresce nossa comunhão com Ele e com os outros
cristãos que comungam também, pois o Espírito pele Eucaristia nos torna um só
corpo, o Corpo místico de Cristo – este é o terceiro fruto. O quarto é a
concretização da comunhão entre todos os cristãos. De alguma maneira, como os
cristãos estão dirigidos ao Cristo; eles se dirigem ao seu corpo eucarístico.
Ele é a presença visível daquilo que todos os cristãos buscam: a comunhão com a
vida do Senhor. O quinto fruto é aquele no qual a Eucaristia nos compromete com
aqueles que estão sofrendo, sobretudo, aqueles que não tem o pão material.
Para Aprofundar
Para saber mais sobre o assunto,
conferir os parágrafos do CIC, desde o número 1.322 até 1.419; o Compêndio do
Catecismo, da pergunta 271 a
294; o Youcat, da pergunta 208 até a 223; e o capítulo II da “Sacrosanctum
Concilium”.
Pe. Vitor Gino Finelon
Professor das Escolas de Fé e
Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida
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