segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Coroinhas: uma missão que vem do coração de Deus

Em 2004, o então Papa São João Paulo II escreveu uma carta aos sacerdotes, na qual afirmou: “Cuidai especialmente dos coroinhas, que são como um ‘viveiro’ de vocações sacerdotais”. O Pontífice já sabia que o importante trabalho realizado pelos milhares de coroinhas, junto ao altar de Cristo, é a oportunidade ideal para plantar a semente da vocação no coração dos pequenos.
Essa tem sido a tarefa das comunidades paroquiais, principalmente a Paróquia Jesus de Nazaré, localizada no Complexo da Maré, que acolheu 26 novos coroinhas, além de quatro cerimoniários, durante a Missa de Investidura, presidida pelo Cardeal Orani João Tempesta, no dia 23 de julho. Agora, a paróquia alcançou a marca de 60 crianças, adolescentes e jovens que contribuem nas celebrações.
A declaração feita por São João Paulo II também é compartilhada pelo pároco, padre Jorge Lutz, que tomou posse na comunidade no dia 16 de janeiro de 2017. Segundo ele, esse é um caminho que pode despertar a vocação religiosa. “Algumas crianças possuem uma inquietude e nos questionam como é ser padre ou religiosa. Essa é uma oportunidade para plantar a semente”, completou.
Para o padre Jorge Lutz, esse também é um meio para fazer com que os pequenos e jovens cresçam como bons cristãos e bons cidadãos. “Esse trabalho é importante porque a criança tem a oportunidade de crescer em valores e humanamente. A comunidade, por vezes, é violenta, e com isso perde seus princípios. Na igreja, eles encontram uma alternativa de paz e convivência entre irmãos. É uma alternativa diante de outras possibilidades de vida”, pontuou.
Pe. Jorge Lutz

O sacerdote acrescentou que as crianças participam ativamente da catequese e que algumas, após a Primeira Eucaristia, atuam na perseverança. Todos participaram de um processo de formação para compreender a liturgia e os trabalhos realizados durante a missa. Eles podem desempenhar a função de coroinha ou marianinha entre sete e 15 anos de idade. A partir disso, os jovens assumem o cargo de cerimoniários.



Sede de Deus
A coordenadora dos coroinhas, Clara Nathaly da Silva Cajueiro, explicou como acontecem os encontros de formação. “Encontramo-nos uma vez por semana. Falamos sobre a liturgia, apresentamos os objetos sagrados, os paramentos sacerdotais e as funções que cada um deve desempenhar, além de sempre conversarmos sobre a importância de ser um coroinha orante tanto nas celebrações quanto na vida pessoal”, contou.
Clara também afirmou o desejo dos coroinhas em buscar a Deus. “Como vivemos numa comunidade carente, os pais precisam trabalhar, e as crianças necessitam de mais atenção. Nesse período, percebi que eles têm sede de Deus, que desejam buscar ao Senhor. Para mim, tem sido uma grande responsabilidade, pois eles me enxergam como uma amiga”, destacou.

O desejo de servir
Tal como a Igreja, as pastorais também precisam ser abertas a todos, sem distinção de pessoas. O próprio desejo de servir é, primeiro, uma vontade de Deus em ter Seus filhos cada vez mais próximos. Foi isso o que aconteceu com Moacir Souza de Lima, de 21 anos.
Desde muito novo, o jovem sempre sonhou em servir junto ao Altar, o que, no início, não teve incentivo da mãe, Regina Cláudia Souza de Lima. “Esse sempre foi um sonho dele, mas eu não incentivava, pois acreditava que ele não conseguiria servir, uma vez que ele sofre de uma deficiência que atrasa o seu desenvolvimento mental”, disse.
Porém, tal obstáculo não foi suficiente para interromper os sonhos de Deus para a vida do Moacir, que atualmente serve como cerimoniário. “Estou muito feliz, ver o meu filho servir é uma bênção. Ele vai à missa todos os dias. Por vezes, ele não está nem escalado, mesmo assim, jamais deixou de participar”, relatou a mãe.
Laila Oliveira Leonardo, de 10 anos, também sentiu o mesmo desejo de Moacir, o que também, no início, não teve crédito da mãe, Francisca Oliveira. “Foi ela quem pediu para participar. Fiquei muito surpresa e, no início, não levei a sério. Mas ela começou a frequentar as formações e passou a se interessar cada dia mais”, pontuou Francisca.
Em novembro de 2016, Laila recebeu as vestimentas, e até hoje continua servindo na comunidade, mesmo com a pouca idade. Segundo Francisca, “ela tem crescido muito; isso deu mais maturidade a ela. Laila tem uma irmã gêmea, Nicole, que é cadeirante e atua na Pastoral do Acolhimento. Desde cedo, Laila sempre foi muito independente, e isso a deixou muito carente. Hoje percebo o quanto ela está mais calma”, completou.

Fonte: http://arqrio.org/noticias/detalhes/6000/coroinhas-uma-missao-que-vem-do-coracao-de-deus e Jornal Testemunho de Fé, edição 859, páginas 12 e 13

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