Em tempos de inúmeros
e dramáticos fatos ocorridos em
nosso Rio de Janeiro, especialmente o caso de estupro
coletivo que virou manchete nacional e internacional, causando comoção e
indignação na opinião pública e levando assim a calorosas discussões sobre a
questão da violência contra a mulher; Diante de toda a crise que estamos
vivendo, sobretudo em nosso estado, e que foi muito bem apresentada pelo nosso
arcebispo Cardeal Orani João Tempesta em carta assinada e publicada também por
todos os bispos do Regional Leste 1, lida em todas as paróquias no último mês
de maio, e do comovente encontro de nosso pastor com as mães que perderam seus
filhos assassinados, vítimas da cruel violência.
Encontro
com postuladores
Em tempos de tantos
desafios que se apresentam para nós, Igreja no Brasil, nesta Cidade Olímpica,
para onde o mundo inteiro olhará no próximo mês de agosto, realizamos aqui no
Sumaré, dos dias 30 de maio a 2 de junho a quarta edição do Encontro Nacional
de Postuladores para as Causas dos Santos no Brasil, da postulação de Paolo
Villota e assessoria do padre Paolo Lombardo, oficiais da Congregação das Causa
dos Santos, em Roma. Um
encontro conectado com todos os desafios apresentados acima e muito frutuoso,
fraterno, norteador para os diversos processos em andamento em nosso país. Não
estando à margem da vida nem da realidade, esse momento foi para cada um de nós
motivo de preocupação, de oração e circunstância para mais uma vez apresentarmos
a todos, modelos de fé e de vida, que se Deus quiser, serão os futuros santos
de nossa Igreja, que acolhe e atende, intensamente, o apelo de nosso saudoso
Papa São João Paulo II, que em 1991 nos exortou: “O Brasil precisa de santos!”.
A
história de Albertina
Nosso povo
brasileiro, sempre religioso e solidário, sempre viu nas devoções aos santos um
pilar de sua fé e já traz em seu perfil um catolicismo popular e que divulga a
fama de santidade de todos os que se destacaram em vida diante de virtudes
heróicas expressivas e edificantes. Por isso, trazemos nesse jornal, para
conhecimento de nossas comunidades, a vida e o exemplo de uma jovem, Albertina
Berkenbrock, que nasceu no dia 11 de abril de 1919, na comunidade de São Luís,
Paróquia São Sebastião de Vargem do Cedro, município de Imaruí, Estado de Santa
Catarina.
Mártir
da pureza
Filha de um casal de
agricultores, Henrique e Josefina Berkenbrock, teve mais oito irmãos e irmãs.
Aos 12 anos de idade, no dia 15 de junho de 1931, Albertina foi assassinada porque
quis preservar a sua pureza espiritual e corporal e foi, a exemplo da santa
italiana Maria Goreti, considerada uma mártir não apenas da pureza e da
castidade, mas da dignidade feminina, por defender sua honra, sua virgindade,
um direito de toda a mulher. Defender sua integridade física, psicológica e
moral, por causa da fé e da fidelidade a Deus é direito de toda pessoa humana
assim como se entregar na defesa desse direito é salutar e importante hoje em dia. E ela assim o fez,
heroicamente, como verdadeira mártir. O martírio e a consequente fama de
santidade espalharam-se rapidamente de maneira clara e convincente. Afinal, ela
foi uma menina de grande sensibilidade para com Deus e para com o próximo.
Grandeza
de coração
Isso se depreende,
com nitidez, de sua vida, vivida na simplicidade dos seus tenros anos. Seus
pais e familiares souberam educá-la na fé, no amor e na esperança, as virtudes
teologais da religião cristã. Transmitiram-lhe, pela vida e pelo ensinamento,
todas as verdades reveladas na Sagrada Escritura. Buscando em Deus inspiração e
força para viver, participou ativamente da vida religiosa em todos os seus
aspectos. Quando chegou o tempo da catequese preparatória para os sacramentos
da Reconciliação e da Eucaristia, Albertina chamou a atenção pela forma como se
preparou: com muita diligência e grandeza de coração. A “primeira confissão”
tornou-se porta aberta para se confessar frequentemente, e a “primeira
comunhão” foi uma experiência única, a tal ponto que ela própria afirmou: “Foi
o dia mais belo de minha vida!”. A partir de então, não deixou mais de
participar da Eucaristia, tornando esse sacramento “fonte e cume de sua vida
cristã”. Gostava de falar, na sua forma simples de expressar-se, do mistério
eucarístico como experiência do amor de Deus, compreendendo que a Eucaristia é
o memorial da morte e ressurreição de Jesus, ato supremo do amor redentor. Ela
cultivou uma devoção muito filial a Nossa Senhora, venerando-a com carinho,
tanto em casa como na capela da comunidade. Participou, com intensidade, da
oração do rosário junto com os familiares. Na simplicidade de coração,
recomendou, seguidamente, a Maria - Mãe de Jesus e Mãe da Igreja - a sua alma e
a sua salvação eterna.
Vida
cristã
Teve uma obediência
responsável; foi incansável nas atividades de trabalho e estudo; teve espírito
de sacrifício; soube ter paciência, confiança e coragem. Essas virtudes humanas
foram visíveis na convivência em casa, pois sempre ajudou seus pais e irmãos;
foram visíveis na comunidade, uma vez que sempre amou todas as pessoas, o que a
tornou muito admirada; foram visíveis na escola, tendo em vista que sempre se
aplicou aos estudos, sempre esteve ao lado dos colegas mais necessitados de
ajuda e jamais revidou ataques de menosprezo dirigidos a ela. Gostava de fazer
cruzinhas de madeira; colocava-as em pequenas sepulturas, adornava-as com
flores. Mesmo quando os irmãos a mortificavam, às vezes até lhe batiam, sofria
em silêncio, unindo-se aos sofrimentos de Jesus que amava sinceramente. Seu
professor a elogiava por suas condições espirituais e morais superiores à sua
idade, que a distinguiam entre os colegas de escola. Aprendeu bem o catecismo,
conheceu os mandamentos de Deus e seu significado, sua caridade era grande e
gostava de acompanhar as meninas mais pobres, de jogar com elas e dividir o pão
que trazia de casa para comer no intervalo das aulas.
Beata
Albertina foi
beatificada em solene celebração eucarística no dia 20 de outubro de 2007 em
frente à Catedral Diocesana de Tubarão. Presidiu a cerimônia o Cardeal José
Saraiva Martins, na época, prefeito para a Causa dos Santos. Beata Albertina,
rogai por todos nós, especialmente por todas as jovens e mulheres de nosso Rio
de Janeiro.
Dom Roberto Lopes, O.S.B.
Delegado Arquiepiscopal para as Causas dos
Santos do Rio de Janeiro
Fonte: Jornal Testemunho de Fé, página 17
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