Está chegando ao fim, em âmbito diocesano, o
processo de beatificação de Odette Vidal de Oliveira, a Odetinha. Depois de
mais de um ano organizando uma extensa documentação que comprova a santidade da
menina carioca, a Arquidiocese do Rio de Janeiro se prepara para enviar ao
Vaticano, em breve, um relatório com cerca de mil páginas que conta em detalhes
a história de devoção à menina, com depoimentos de cerca de 20 mil graças alcançadas.
Menina diferente
As atitudes de Odetinha sempre a
diferenciaram das outras crianças. Mesmo sendo de família rica, preferia que a
mãe, Alice Vidal, deixasse de presentear a ela e comprasse algo para aqueles
que viviam nas ruas e orfanatos. Aluna do Colégio Sion, pedia que o motorista
da família parasse o carro algumas quadras antes da escola para não encontrar
os colegas de forma ostensiva. Surpreendia, também, quando durante o intervalo
das aulas, além de brincar, pedia às religiosas da escola para fazer adoração
ao Santíssimo antes que o sinal tocasse. Todos os sábados, a família abria as
portas de sua casa, em Botafogo, para oferecer alimento aos moradores em
situação de rua.
Veneração do povo
Odette faleceu aos 9 anos, em 1939. A notícia
de sua morte se espalhou rapidamente e logo uma multidão permaneceu em frente a
sua casa. No sepultamento, havia uma fila de pessoas que ia da sede do time do
Botafogo até o Cemitério São João Batista. Todos queriam demonstrar o seu
carinho pela menina. Seu caixão foi levado por religiosas, que já a
consideravam quase como uma santa.
Até o ano passado, quando o túmulo foi
transferido para a Basílica da Imaculada Conceição, em Botafogo, a sepultura de
Odetinha era a segunda mais visitada do Cemitério São João Batista, atrás
apenas das visitações à Carmem Miranda. Mesmo que o corpo tenha sido sepultado
o mais fundo possível, quando feita a transladação do corpo foram encontrados
vários terços, fotos e bilhetes deixados por fiéis dentro do túmulo
Na graça de Deus
O vigário episcopal para a Vida Consagrada,
Dom Roberto Lopes, que também é o responsável pela Causa dos Santos na
arquidiocese, ressalta a fidelidade dos devotos de Odetinha. “Não é a Igreja no
Rio, o arcebispo ou eu mesmo que estão querendo criar uma santa. Nós só
queremos dar uma resposta àquilo que o povo há 74 anos pede, por que a veneram
como uma santa”.
O notário da causa de Odetinha, Ronaldo
Frigini, que colabora com o Tribunal Eclesiástico reunindo depoimentos para o
processo acrescentou: “a graça de Deus foi depositada numa menina que a acolheu
por todo sempre, não só no período de vida, mas também na pós existência
terrena dela. Ela acolheu o sentido adulto de uma fé cristã, de percepção da
presença de Deus na vida das pessoas. Isso é o que tem contagiado a todos”,
disse.
Em Roma, a Congregação para a Causa dos
Santos vai analisar primeiramente se foram atendidas todas as formalidades
exigidas no processo e logo após, edita-se um decreto de validade jurídica. O
próximo passo é solicitar a nomeação de um relator para que seja feito o resumo
da causa e depois esta é encaminhada a teólogos e cardeais para análise de
venerabilidade.
Fonte:
http://arqrio.org/noticias/detalhes/2645/a-menina-que-acolheu-a-graca-de-deus
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