quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Família: escola de santidade


A vida de Odetinha, candidata carioca aos altares, comprova que o exemplo de pais e professores cultiva a fé das crianças


Muitos testemunhos ates­tam a santidade de Odetinha. Depoimentos de pessoas fa­mosas ou desconhecidas, que conviveram ou apenas ouviram falar dela, confirmam o título que ela recebeu: ‘Serva de Deus’. Odette Vidal de Oliveira seguiu o exemplo de Cristo e passou pelo mundo fazendo o bem. Segundo o bispo auxiliar do Rio Dom Nelson Francelino Ferreira, o testemunho de Odetinha deve recordar a todos que a santidade começa na infância e deve ser cultivada nas famílias e escolas.
“Eu comecei a ouvir falar de Odetinha na década de 70, atra­vés da minha irmã que se tornou devota. Muitos anos depois, quando fui pároco da Paróquia Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado, tive contato novamente com a história dela. No ano passado, em um encon­tro que tive com alguns postula­dores das causas dos santos, eu falei sobre a Odetinha e eles se interessaram”, afirmou.
“O Brasil precisa de santos”. A frase do beato João Paulo II deu início a um grande questiona­mento sobre os santos do maior país católico do mundo e iniciou vários processos de beatificação e canonização no país.
“O Brasil é muito mais santo do que a gente enxerga, porque a santidade é algo muito privado, pessoal e subjetivo. Na minha experiência nas confissões, eu percebo em muitos fiéis o repú­dio ao pecado e a atração para a graça de Deus. O nosso povo é santo; quanto mais simples, maior a santidade”, afirmou Dom Nelson. 

Biografia de Dons e Virtudes
“Na biografia da Odetinha, escrita um ano após a sua morte pelo seu confessor, vemos clara­mente que Odetinha tinha muito da piedade da sua mãe Alice Vidal Oliveira, como a devoção a Santa Teresinha, a São José, o costume de rezar o terço e a prática da comunhão frequente. Odetinha recebeu as virtudes de humildade, simplicidade, oração, temperança e equilíbrio do am­biente religioso no qual vivia, pelos seus pais que a levavam à missa e rezavam com ela em casa”, ressaltou.
Dom Nelson ressaltou que as crianças são puras, inocentes e têm um senso de Deus muito forte. “Quando a família cria aquele aparato da formação es­colar, familiar e eclesial deixa um clima favorável para despertar, maturar e expressar essa santi­dade e pureza que estão dentro da criança. Creio que tudo isso deve nos levar a uma reflexão em torno desses valores que não podem se perder. A família tem como vocação primeira procriar e educar a prole nas veredas do Evangelho de Deus”, ensinou.
Dom Nelson disse que o que se destaca em Odetinha, espe­cialmente, é a sua sensibilidade à caridade com os pobres. “Após fazer catecismo, ela logo se res­ponsabilizou em ser catequista dos filhos dos funcionários e dos empregados também. Ela não podia ver uma pessoa ne­cessitada que pedia para sua mãe ajudar. Quando estava doente, ao ver sua mãe chorando, ela a acalmou dizendo que oferecia todo o sofrimento pelas missões, a exemplo de Santa Terezinha”, contou.
Dom Nelson destacou que as atitudes de Odetinha eram muito prematuras. Ela era uma menina muito atenta. Todos os dias levava flores para Jesus na capela de sua casa. Quando ela ia levar comida para os pobres pela grade de sua casa, as pessoas ficavam com receio de tocar nas mãozinhas dela, mas Odetinha fazia questão de tocar nas mãos das pessoas. Nessas expressões simples de menina, questões muito sérias já eram reveladas”, ressaltou.

Ensino religioso pode revelar santos
Segundo Dom Nelson, toda a movimentação da abertura do processo de Odetinha deve fazer as pessoas olharem para o contexto onde as nossas crianças estão se desenvolvendo.
“Ela estudou em escolas ca­tólicas: Colégio da Imaculada Conceição, em Botafogo, onde fez a Primeira Comunhão, e Colégio de Sion, no Cosme Ve­lho, que lhe proporcionaram o conhecimento da doutrina, a experiência litúrgica eucarística diária, a confissão e uma direção espiritual”, destacou o bispo.
“Juntos com a Odetinha de­vemos revisitar o tema da família e da urgência do ensino religioso (ER) nas escolas públicas ou par­ticulares, que devem repensar um pouco a importância de não fazer do ER só uma disciplina a mais, mas algo que mexa com o inconsciente e que dê sustenta­ção ao desenvolvimento integral da pessoa humana e consistência para o aspecto da transcendên­cia do ser humano”, pontuou.
Cláudia Brito

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