terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A ADOLESCÊNCIA


"Em termos gerais, é preciso observar que a crise espiritual e cultural que atinge o mundo faz as suas primeiras vítimas nas jovens gerações. Assim como é verdade que o empenho em favor de uma sociedade melhor encontra nestas as suas melhores esperanças.
Isso deve estimular ainda mais a Igreja a realizar, corajosamente e criativamente, o anúncio do Evangelho ao mundo juvenil" (DGC 181)

Características desta fase:
“É necessário amar mais e melhor o adolescente e ter paciência para trabalhar a longo prazo. O que nos parece desagradável é, na verdade, uma riqueza mal definida: ruptura com o passado; desejo de se afirmar; capacidade de admiração; desejo de tudo conferir; imensa afetividade; necessidade de atividade; sonhos e idealismo; necessidade de amizade; espírito de imitação.” (Madre Maria Helena Cavalcanti)

A adolescência caracteriza-se pela maturação dos órgãos e das funções sexuais, da conquista da autonomia e das primeiras tentativas de escolha de vida.

No plano afetivo a puberdade cria tensões e problemas que devem ser observados e solucionados: incerteza acerca do próprio desenvolvimento sexual, dificuldade em dominar impulsos e emoções, luta pelo controle emotivo, ampla visão dos próprios sentimentos. Cresce o sentimento de independência e autonomia. Porém tudo isto ainda é mesclado com saudade do passado e a ansiedade do futuro. Daí o adolescente tornar-se inseguro, tímido ou orgulhoso e agressivo, alegre e triste, fechado ou acolhedor.

O adolescente também está construindo novos esquemas de relacionamento: alarga os conhecimentos e as amizades; identifica-se com os heróis, une-se aos amigos da mesma idade. Passa a conquistar aos poucos sua liberdade. Assume linguagem e modos de comportar-se diferente dos pais. Rejeita os modelos do passado. De uma maneira geral, o adolescente vive incerto a respeito de si mesmo e sobre o que poderá ser, vivendo freqüentemente numa realidade sócio-cultural difícil e hostil. Daí o perigo de fugir pelo consumismo, pelos vícios, e pela prática sexual precoce.

No plano do desenvolvimento cognitivo há importantes conquistas:

-> Passagem do pensamento lógico-concreto para o abstrato, capaz de indução-dedução, análise-síntese, hipótese-verificação, conquistando assim um maior pensamento realístico e objetivo.

-> Alargamento dos interesses, desejo de conhecer, compreender, discutir os problemas e encontrar soluções para os mesmos;

No plano do desenvolvimento espiritual observamos:

-> A concepção de Deus vai se espiritualizando cada vez mais: Deus é alguém que é diversidade e mistério, presença interior e amigo fiel. O encontro com Deus vai se transformando como o encontro de pessoa a pessoa, cheia de simplicidade, liberdade e amor. Ao mesmo tempo, pode ser um período de dúvidas, incertezas emotivas, experiências “religiosas” ou mesmo indiferentismo religioso.

A pertença à Igreja pode fortalecer-se nesta fase, desde que se encontre uma comunidade acolhedora que leve o adolescente a uma experiência concreta de grupo.
Em relação ao desenvolvimento moral, percebe-se a passagem de uma moral material (o que conta é a ação em si mesma) a uma moral de intenção (o que conta é o “porquê” da ação realizada); duma moral externa a uma moral autônoma, fruto das escolhas das pessoas. É preciso atenção a esta fase para que o adolescente não seja levado por um relativismo ético ou um rigorismo doentio, mas sim à interiorização dos valores, com um senso crítico e opção livre, baseados na orientação de um adulto equilibrado.

Em relação à família, pode-se fazer os seguintes questionamentos:
-> Qual a religião que o adolescente vê no seu lar?
-> Será que em casa os pais dão verdadeiro testemunho cristão?
-> Será que na hierarquia dos valores da vida no lar, o mais importante é a amizade com Cristo e o engajamento em sua Igreja?

-> Será a conduta dos pais norteada por princípios cristãos?

-> Será que os pais dispensam à educação religiosa dos filhos, ao menos a metade da atenção que
dispensam à instrução profana?

-> Será que os pais dão uma nova apresentação da fé, proporcional às necessidades do adolescente?

Procedimentos catequéticos:
Ainda que a adolescência seja uma etapa da vida complexa e diversificada, pode-se traçar algumas linhas catequéticas comuns:
-> Catequese sistemática e de aprofundamento;
-> Catequese de interiorização;
-> Catequese participativa;
-> Catequese de iniciação eclesial e comunitária.

Conclusão:
“O educador da fé de um adolescente deve ter consciência de que é um instrumento de Deus e que não há ‘truques para êxitos fáceis’. A catequese dos adolescentes necessita de: muita caridade, inteligência, trabalho, criatividade, continuidade nos esforços” (Madre Maria Helena Cavalcanti).

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