Neste sábado, 12 de outubro,
a Igreja no Brasil celebrou a festa de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.
Além disso, a data marcou também o Dia das Crianças, aqueles pequenos e
pequenas que nascem com a missão se ser o futuro.
O Dia das Crianças, não é só uma data para
celebrar brincadeiras com os pequenos e distribuir presentes, é também um dia
para lembrar a importância do cuidado que se deve ter com o
desenvolvimento integral das crianças, pois elas precisam de amor, carinho,
presença, atenção e cuidado para se desenvolver de maneira saudável, como
explica o médico pediatra neonatologista e professor da UNICAMP, José Martins
Filho, em entrevista ao portal da Pastoral da Criança.
“A
criança precisa, principalmente, de amor, afeto, carinho, atenção, respeito,
presença e família unida. O afeto e o amor são necessários e a criança precisa
saber que é amada através de atitudes, tem que levar a criança para passear,
para ver coisas bonitas, levar nas orações, abraçar, tudo isso é fundamental”.
O bispo de Rio Grande e presidente da
Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, dom Ricardo
Hoepers, ressalta que talvez o maior desafio aos pais, hoje em dia, é permitir
que as crianças tenham um tempo para “ser crianças”.
“A sociedade do cansaço, segundo escreve o
filósofo coreano Byung-Chul Han, é a que exige um excesso de desempenho e de
positividade que nada pode dar errado. “No mundo competitivo, pensam os pais, o
meu filho tem que ser o melhor”. E para alcançar esse intento colocam as
crianças para desempenharem, desde a tenra idade, uma agenda de compromissos
que os escraviza e impõe uma carga pesada sobre seus ombrinhos ainda frágeis,
em fase de crescimento”.
Dom Ricardo faz um pedido aos pais que
revejam suas vidas e de seus filhos, e permitam-se momentos de convivência como
pais e filhos, como família que ama e permite-se amar, que brinca e permite-se
brincar, que curte e permite-se curtir e que saiba dizer NÃO à uma sociedade do
espetáculo que só vislumbra uma falsa perfeição, criando a fantasia de que o
filho ideal tem que ser sempre melhor que os outros: ter mais inteligência, ter
mais capacidades, ter mais talento, ter coisas que os outros não tem. Segundo o
bispo, essa criança vai sofrer muito quando isso não se realizar, vai cansar
rápido, cansaço do ter… Então vemos muito bullying, muita depressão e muita falta
de “ser criança” nas nossas crianças.
“Os melhores remédios ainda estão na família,
onde o tempo que damos aos filhos é o maior presente que eles podem desejar.
Onde o “ter” não é o mais importante e sim, o estar junto, o estar unidos, o
“ser valorizado” mesmo nas diferenças. Caros pais e mães, lembrem-se, dia 12 é
o dia das crianças, e não aquilo que vocês querem impor à elas: deixem as
crianças serem crianças, e amanhã serão adultos responsáveis porque não
precisarão viver mais tarde o que não foi permitido no tempo certo”, indica dom
Ricardo.
A temática da criança é trabalhada na Igreja
em diversas perspectivas: catequese, pastoral da criança, do menor e infância e
adolescência missionária. Além disso, a Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), tem em seu quadro a Comissão Especial de Proteção da Criança e
Adolescente e faz parte da Mesa Bice Brasil, que reúne onze organizações
religiosas que tem a missão e compromisso com a dignidade, promoção, defesa e
garantia dos direitos da criança e do adolescente no Brasil.
Inclusive, no dia 28 de junho, o bispo
auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella
Amado, assinou a renovação do acordo de cooperação pela dignidade e direitos
das crianças e adolescentes brasileiros.
A proteção dos menores tem sido uma das
prioridades do papado de Francisco. “A tutela dos menores e das pessoas
vulneráveis faz parte integrante da mensagem evangélica que a Igreja e todos os
seus membros são chamados a difundir no mundo”. Assim inicia o Motu
Proprio (documento) do Papa Francisco sobre a proteção dos menores e das
pessoas vulneráveis dentro da Cúria Romana e no Estado da Cidade do Vaticano,
publicado pelo Vatican News, em 29 de março de 2019.
Já no campo da espiritualidade. Será que é
fundamental nutrir espiritualidade nas crianças? A Vera Leal Ferreira, da
fundação Arigatô Internacional e da Rede Global de Religiões pela Criança,
GNRC, responsável pelo Programas de Educação Ética para as Crianças, Vera Leal
Ferreira, em entrevista ao Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança
falou sobre o assunto.
“Espiritualidade é algo único que cada
criança vive de forma muito diferente. A espiritualidade pode ser vivida no
contexto da nossa religião, pode ser vivida quando vamos na igreja, num templo.
Essa espiritualidade vai além da religião e é algo que se pode ter em qualquer
lugar. Nós dizemos que a espiritualidade é nata, significa que já nasce com a
criança, vem desde o ventre materno”, disse Vera.
A iniciação das crianças na Igreja se dá pelo
Batismo. Mas, é na catequese que elas são inseridas na vivência da fé e dão
início a uma jornada cristã. Por isso a importância da espiritualidade começar
a ser introduzida para os pequenos ainda na infância.
Outro segmento da Igreja que atua com a
criançada são os de grupos como a Infância e Adolescência Missionária (IAM) que
tem como finalidade suscitar o espírito missionário universal nas crianças,
desenvolvendo lhes o protagonismo na solidariedade e na evangelização e, por
meio delas, em todo o Povo de Deus: São crianças em favor de outras crianças.
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