Em 2004, o então Papa São João Paulo II
escreveu uma carta aos sacerdotes, na qual afirmou: “Cuidai especialmente dos
coroinhas, que são como um ‘viveiro’ de vocações sacerdotais”. O Pontífice já
sabia que o importante trabalho realizado pelos milhares de coroinhas, junto ao
altar de Cristo, é a oportunidade ideal para plantar a semente da vocação no
coração dos pequenos.
Essa tem sido a tarefa das comunidades
paroquiais, principalmente a Paróquia Jesus de Nazaré, localizada no Complexo
da Maré, que acolheu 26 novos coroinhas, além de quatro cerimoniários, durante
a Missa de Investidura, presidida pelo Cardeal Orani João Tempesta, no dia 23
de julho. Agora, a paróquia alcançou a marca de 60 crianças, adolescentes e
jovens que contribuem nas celebrações.
A declaração feita por São João Paulo II
também é compartilhada pelo pároco, padre Jorge Lutz, que tomou posse na
comunidade no dia 16 de janeiro de 2017. Segundo ele, esse é um caminho que
pode despertar a vocação religiosa. “Algumas crianças possuem uma inquietude e
nos questionam como é ser padre ou religiosa. Essa é uma oportunidade para
plantar a semente”, completou.
Para o padre Jorge Lutz, esse também é um
meio para fazer com que os pequenos e jovens cresçam como bons cristãos e bons
cidadãos. “Esse trabalho é importante porque a criança tem a oportunidade de
crescer em valores e humanamente. A comunidade, por vezes, é violenta, e com
isso perde seus princípios. Na igreja, eles encontram uma alternativa de paz e
convivência entre irmãos. É uma alternativa diante de outras possibilidades de
vida”, pontuou.
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Pe. Jorge Lutz |
O sacerdote acrescentou que as crianças
participam ativamente da catequese e que algumas, após a Primeira Eucaristia,
atuam na perseverança. Todos participaram de um processo de formação para
compreender a liturgia e os trabalhos realizados durante a missa. Eles podem
desempenhar a função de coroinha ou marianinha entre sete e 15 anos de idade. A
partir disso, os jovens assumem o cargo de cerimoniários.
Sede de Deus
A coordenadora dos coroinhas, Clara Nathaly
da Silva Cajueiro, explicou como acontecem os encontros de formação.
“Encontramo-nos uma vez por semana. Falamos sobre a liturgia, apresentamos os
objetos sagrados, os paramentos sacerdotais e as funções que cada um deve
desempenhar, além de sempre conversarmos sobre a importância de ser um coroinha
orante tanto nas celebrações quanto na vida pessoal”, contou.
Clara também afirmou o desejo dos coroinhas
em buscar a Deus. “Como vivemos numa comunidade carente, os pais precisam
trabalhar, e as crianças necessitam de mais atenção. Nesse período, percebi que
eles têm sede de Deus, que desejam buscar ao Senhor. Para mim, tem sido uma
grande responsabilidade, pois eles me enxergam como uma amiga”, destacou.
O desejo de servir
Tal como a Igreja, as pastorais também
precisam ser abertas a todos, sem distinção de pessoas. O próprio desejo de
servir é, primeiro, uma vontade de Deus em ter Seus filhos cada vez mais
próximos. Foi isso o que aconteceu com Moacir Souza de Lima, de 21 anos.
Desde muito novo, o jovem sempre sonhou em
servir junto ao Altar, o que, no início, não teve incentivo da mãe, Regina
Cláudia Souza de Lima. “Esse sempre foi um sonho dele, mas eu não incentivava,
pois acreditava que ele não conseguiria servir, uma vez que ele sofre de uma deficiência
que atrasa o seu desenvolvimento mental”, disse.
Porém, tal obstáculo não foi suficiente para
interromper os sonhos de Deus para a vida do Moacir, que atualmente serve como
cerimoniário. “Estou muito feliz, ver o meu filho servir é uma bênção. Ele vai
à missa todos os dias. Por vezes, ele não está nem escalado, mesmo assim,
jamais deixou de participar”, relatou a mãe.
Laila Oliveira Leonardo, de 10 anos, também
sentiu o mesmo desejo de Moacir, o que também, no início, não teve crédito da
mãe, Francisca Oliveira. “Foi ela quem pediu para participar. Fiquei muito
surpresa e, no início, não levei a sério. Mas ela começou a frequentar as
formações e passou a se interessar cada dia mais”, pontuou Francisca.
Em novembro de 2016, Laila recebeu as vestimentas,
e até hoje continua servindo na comunidade, mesmo com a pouca idade. Segundo
Francisca, “ela tem crescido muito; isso deu mais maturidade a ela. Laila tem
uma irmã gêmea, Nicole, que é cadeirante e atua na Pastoral do Acolhimento.
Desde cedo, Laila sempre foi muito independente, e isso a deixou muito carente.
Hoje percebo o quanto ela está mais calma”, completou.
Fonte:
http://arqrio.org/noticias/detalhes/6000/coroinhas-uma-missao-que-vem-do-coracao-de-deus
e Jornal Testemunho de Fé, edição 859, páginas 12 e 13
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