A vida de Odetinha, candidata carioca aos altares,
comprova que o exemplo de pais e professores cultiva a fé das crianças
Muitos testemunhos atestam a santidade de Odetinha.
Depoimentos de pessoas famosas ou desconhecidas, que conviveram ou apenas
ouviram falar dela, confirmam o título que ela recebeu: ‘Serva de Deus’. Odette
Vidal de Oliveira seguiu o exemplo de Cristo e passou pelo mundo fazendo o bem.
Segundo o bispo auxiliar do Rio Dom Nelson Francelino Ferreira, o testemunho de
Odetinha deve recordar a todos que a santidade começa na infância e deve ser
cultivada nas famílias e escolas.
“Eu comecei a ouvir falar de Odetinha na década de
70, através da minha irmã que se tornou devota. Muitos anos depois, quando fui
pároco da Paróquia Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado, tive contato
novamente com a história dela. No ano passado, em um encontro que tive com alguns
postuladores das causas dos santos, eu falei sobre a Odetinha e eles se
interessaram”, afirmou.
“O Brasil precisa de santos”. A frase do beato João
Paulo II deu início a um grande questionamento sobre os santos do maior país
católico do mundo e iniciou vários processos de beatificação e canonização no
país.
“O Brasil é muito mais santo do que a gente enxerga,
porque a santidade é algo muito privado, pessoal e subjetivo. Na minha
experiência nas confissões, eu percebo em muitos fiéis o repúdio ao pecado e a
atração para a graça de Deus. O nosso povo é santo; quanto mais simples, maior
a santidade”, afirmou Dom Nelson.
Biografia
de Dons e Virtudes
“Na biografia da Odetinha, escrita um ano após a sua
morte pelo seu confessor, vemos claramente que Odetinha tinha muito da piedade
da sua mãe Alice Vidal Oliveira, como a devoção a Santa Teresinha, a São José,
o costume de rezar o terço e a prática da comunhão frequente. Odetinha recebeu
as virtudes de humildade, simplicidade, oração, temperança e equilíbrio do ambiente
religioso no qual vivia, pelos seus pais que a levavam à missa e rezavam com
ela em casa”, ressaltou.
Dom Nelson ressaltou que as crianças são puras,
inocentes e têm um senso de Deus muito forte. “Quando a família cria aquele
aparato da formação escolar, familiar e eclesial deixa um clima favorável para
despertar, maturar e expressar essa santidade e pureza que estão dentro da
criança. Creio que tudo isso deve nos levar a uma reflexão em torno desses
valores que não podem se perder. A família tem como vocação primeira procriar e
educar a prole nas veredas do Evangelho de Deus”, ensinou.
Dom Nelson disse que o que se destaca em Odetinha,
especialmente, é a sua sensibilidade à caridade com os pobres. “Após fazer
catecismo, ela logo se responsabilizou em ser catequista dos filhos dos
funcionários e dos empregados também. Ela não podia ver uma pessoa necessitada
que pedia para sua mãe ajudar. Quando estava doente, ao ver sua mãe chorando,
ela a acalmou dizendo que oferecia todo o sofrimento pelas missões, a exemplo
de Santa Terezinha”, contou.
Dom Nelson destacou que as atitudes de Odetinha eram
muito prematuras. Ela era uma menina muito atenta. Todos os dias levava flores
para Jesus na capela de sua casa. Quando ela ia levar comida para os pobres
pela grade de sua casa, as pessoas ficavam com receio de tocar nas mãozinhas
dela, mas Odetinha fazia questão de tocar nas mãos das pessoas. Nessas
expressões simples de menina, questões muito sérias já eram reveladas”,
ressaltou.
Ensino religioso
pode revelar santos
Segundo Dom Nelson, toda a movimentação da abertura
do processo de Odetinha deve fazer as pessoas olharem para o contexto onde as
nossas crianças estão se desenvolvendo.
“Ela estudou em escolas católicas: Colégio da
Imaculada Conceição, em Botafogo, onde fez a Primeira Comunhão, e Colégio de
Sion, no Cosme Velho, que lhe proporcionaram o conhecimento da doutrina, a
experiência litúrgica eucarística diária, a confissão e uma direção
espiritual”, destacou o bispo.
“Juntos com a Odetinha devemos revisitar o tema da
família e da urgência do ensino religioso (ER) nas escolas públicas ou particulares,
que devem repensar um pouco a importância de não fazer do ER só uma disciplina
a mais, mas algo que mexa com o inconsciente e que dê sustentação ao
desenvolvimento integral da pessoa humana e consistência para o aspecto da
transcendência do ser humano”, pontuou.
Cláudia Brito
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